quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ranking nacional de desmatamento traz duas cidades do sul do Paraná

Por: Nicollas Barbosa

Polícia Ambiental encontrou cinco propriedades com desmatamento de Mata Atlântica, no Paraná (Foto: Divulgação/Polícia)



Lista têm municípios que mais desmataram a Mata Atlântica em 14 anos. Bituruna e Coronel Domingos Soares apareceram em 6º e 9º lugares.

Bituruna e Coronel Domingos Soares, na região sul do Paraná, estão entre as dez cidades brasileiras que mais desmataram a Mata Atlântica entre 2000 e 2014. Os dados pertencem ao Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, divulgado pela SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nesta quarta-feira (11).
Conforme o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, Bituruna ocupa o 6º lugar do ranking nacional por ter desmatado 5.538 hectares em 14 anos; já Coronel Domingos Soares está na 9º posição da lista por ter desmatado 4.677 hectares durante o mesmo período.
O resultado foi obtido com base na análise de imagens feitas por satélite, que utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento para avaliar os remanescentes florestais acima de 3 hectares.
No recorte do período 2000-2014, a cidade campeã de desmatamento no Brasil é Jequitinhonha, em Minas Gerais, com 8.708 hectares desmatados. Hoje, a Mata Atlântica é a floresta mais ameaçada do Brasil, com apenas 12,5% da área original preservada.
Paraná
No ranking apenas com municípios do Paraná, as cidades que mais desmataram entre 2000 e 2014, além de Bituruna e Coronel Domingos Soares, são: Palmas (sul), General Carneiro (sul),Prudentópolis (central), Telêmaco Borba (Campos Gerais), Ortigueira (Campos Gerais),Castro (Campos Gerais), Guarapuava (Campos Gerais) e União da Vitória (sul).
Neste ano, os dados atualizados e o histórico das cidades abrangidas pela Lei da Mata Atlântica podem ser acessados no hotsite ‘Aqui Tem Mata’, que será lançado nos próximos dias e apresenta as áreas remanescentes de Mata Atlântica no país.Ainda no Paraná, a cidade que mais preservou o bioma no período foi Guaraqueçaba, no litoral – que mantém 80,1% de vegetação natural, comparado com a área original. A vegetação natural inclui, além das florestas nativas, os refúgios, várzeas, campos de altitude, mangues, restingas e dunas.
IAP rebate
Em nota, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) comentou o estudo. Veja a nota da íntegra:
"O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) informa que o estudo publicado nessa quarta-feira (11) pela ONG SOS Mata Atlântica é muito importante para despertar a consciência ambiental, porém é preciso que fazer um cruzamento de dados com o que é permitido por lei federal e o que não é permitido, sendo assim ilegal.
O estudo considera apenas sobre imagens de satélite, ou seja, não considera cortes e desmates autorizados e a existência de espécies exóticas em meio a vegetação.

Segundo esse estudo, Bituruna foi o município que apresentou maior área desmatada entre 2010 e 2014, com uma área superior a 5,5 mil hectares. Para o IAP, a maior parte desse desmatamento está relacionado ao desenvolvimento do município, que ao longo dos últimos anos recebeu diversos investimentos e empresas.
Entre 2011 e 2014 o órgão emitiu cerca de 400 licenciamentos e autorizações ambientais, sendo mais de 240 autorizações florestais, cerca de 20 para manejo de bracatinga e inclusive autorizações para substituição de espécies exóticas por nativas, que são autorizadas por lei.

Mesmo assim, ao longo dos anos o IAP tem realizado diversas ações de fiscalização para coibir não só o desmatamento ilegal, mas outras atividades como a caça e pesca predatória. Nesse sentido, desde 2000 o órgão já aplicou cerca de 250 autos de infração para diversas atividades irregulares no município.

O órgão lembra que qualquer desmate ou corte de vegetação nativa sem autorização ambiental, também é crime ambiental e passível de multa que pode variar de R$ 50 a R$ 50 milhões dependendo do impacto causado. Por isso, a participação da sociedade ao denunciar essas atividades ilegais é muito importante".
O Ibama também...
Já o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Paraná informou que tem monitorado algumas áreas denunciadas por meio de sobrevoos, imagens de satélite e operações conjuntas com a Polícia Federal (PF).
Ainda conforme o Ibama, em 2015, nos quatro municípios que lideram o ranking paranaense de desmatamento, as multas aplicadas chegaram a R$ 2,9 milhões. Já no ano passado, o instituto, em conjunto com a PF, embargou 129 hectares. Os proprietários foram obrigados a recuperar a área desmatada.
Entre os fatores para a ocorrência dos crimes ambientais na região, o Ibama considera como principais o desmatamento não autorizado para a expansão de áreas em uso diverso e também na exploração madeireira. O instituto acredita, ainda, que não fosse a atuação do órgão através das fiscalizações, seriam piores os números do levantamento da fundação S.O.S Mata Atlântica.
Fonte: G1.com

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